Troços

A Gruta do Carvão apresenta diversos troços, cujas interligações não são conhecidas ou não são possíveis de serem efectuadas. Actualmente, apenas o troço da Rua do Paim (o troço mais a Norte) é possível de ser visitado, esperando-se que o Troço da Rua de Lisboa também o venha ser no futuro, através da construção de um centro interpretativo. Nos textos seguintes descreve-se, sucintamente, cada um dos troços conhecidos da Gruta do Carvão. Troço da Rua do Paim O troço montante da gruta apresenta-se segundo um único ramo com um comprimento total de 880.2 m, e desenvolve-se segundo uma orientação geral Norte-Sul, desde a Rua da Saúde, nos Arrifes, até aos reservatórios de água da Câmara Municipal de Ponta Delgadalocalizados na Rua do Paim, passando no seu trajecto sob terrenos de cultivo, estufas e algumas moradias. Esta gruta possui uma altura máxima na ordem dos 6,4 m e uma largura média de 5,8 m. O tecto da gruta encontra-se a uma profundidade variável de 2 a 3 m relativamente ao nível da superfície do terreno. Este troço evidencia a existência de dois túneis sobrepostos, os quais se prolongam sensivelmente um sobre o outro por uma extensão de cerca de 200 m, para montante. Pontualmente, existem “poços” de comunicação entre os dois túneis, resultantes de colapsos do tecto ou simplesmente de fenómenos de drenagem durante a fluência da escoada lávica. O troço Rua do Paim possui um espaço de apoio à visitação e um túnel artificial, em betão armado, permitindo o acesso ao interior da gruta, acesso este que anteriormente era realizado a partir de um terreno agrícola privado, na Rua do Paim. No final de 1996, durante as obras da 2ª Circular à cidade de Ponta Delgada, foi pela primeira vez cartografada uma nova secção deste troço, para Norte desta via, numa extensão de cerca de 550 m. Mais, recentemente, em Setembro de 2007, durante os trabalhos da expedição Espeleo-Arcanjo 2007, foram cartografados cerca de 130metros da gruta, até então desconhecidos.

Pormenor do interior da Gruta do Carvão – Troço do Paim

Topografia da Gruta da Rua do Paim, troço mais a Norte do sistema da Gruta do Carvão (in “Catálogo das Cavidades Vulcânicas dos Açores”)

Troço da Rua de Lisboa (ou dos Secadores de Tabaco) Esta troço do Carvão possui uma extensão de 701,8 m e apresenta-se, na maior parte do seu traçado, segundo um único ramo que se desenvolve para Nornorueste, desde a Rua de Lisboa, junto aos Secadores da Fábrica de Tabaco Micaelense, até ao cruzamento da Rua Pintor Domingos Rebelo (antiga Rua do Carvão) com a Avenida Antero de Quental. Este troço possui uma altura média na ordem dos 2 a 3 m, havendo, contudo, locais onde esta ultrapassa os 5 m e uma largura média de 5m, atingindo valores superiores a 10 m, designadamente na confluência dos ramos da zona do Bairro da Misericórdia. Nalguns pontos deste troço foram construídos muros de pedra, visando assegurar a estabilidade das paredes. A presença destes muros de pedra e de resquícios de uma instalação eléctrica demonstram a utilização da gruta pelo Homem, em tempos idos. Os muros podem ser observados sob o edifício onde está instalada a caldeira dos Secadores da Fábrica de Tabaco Micaelense. Este troço chegou a ser utilizado,pela própria fábrica, como depósito de materiais, estando, por isso, de algum modo artificializado. Neste troço, entre o Bairro da Misericórdia e a Escola Primária do Carvão, existem terrenos recentemente urbanizados, tendo sido possível compatibilizar o uso do solo com a existência, em profundidade, desta cavidade vulcânica.

Pormenor do interior da Gruta do Carvão – Troço da Rua de Lisboa

Topografia da Gruta do Carvão - troço da Rua de Lisboa ou dos Secadores de Tabaco (in “Catálogo das Cavidades Vulcânicas dos Açores”)

Troço da Rua João do Rego Este túnel foi redescoberto em Outubro de 2000, na sequência das obras de saneamento básico da Rua João do Rego, efectuadas pelos Serviços Municipais da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Este troço apresenta-se segundo dois ramos sensivelmente paralelos entre si, de orientação geral Noroeste-Sudeste. Estes ramos desenvolvem-se sobretudo em terrenos de moradias da Rua João do Rego e da Fábrica de Açúcar da SINAGA. O traçado da gruta atinge, ainda, terrenos de moradias da 1ª Rua de Santa Clara. Enquanto o ramo nascente da gruta apresenta uma extensão de cerca de 100 m, o ramo poente é mais extenso, atingindo cerca de 200 m de comprimento. Estes dois ramos intersectam-se sob a Rua João do Rego, desenvolvendo-se para jusante por mais cerca de 40 m, com uma orientação aproximada Norte-Sul. A Gruta da Rua João do Rego apresenta-se, na maior parte do seu traçado, segundo um canal único, de secção abobadada, onde é possível caminhar de pé, em toda a sua extensão. Com efeito, a gruta tem uma altura média de 3 m, a qual atinge, nalguns sectores, valores de 5 a 6 m e, no ramo poente, uma largura máxima de 13 m. O tecto da gruta encontra-se a cerca de 2 a 3 m de profundidade da superfície do solo, correspondente ao nível daquele arruamento. Não obstante, e em termos ambientais, a Gruta da Rua João do Rego apresenta-se fragilizada e degradada, em grande parte devido a ser usada como vazadouro (designadamente de esgotos domésticos de moradias instaladas nas suas proximidades) e por ter sido estruturalmente afectada pelas construções da zona.

Pormenor do interior da Gruta do Carvão – Troço da Rua João do Rego, durante expedição em Outubro de 2000

Topografia da Gruta da Rua João do Rego, troço mais a Sul do sistema da Gruta do Carvão (in “Catálogo das Cavidades Vulcânicas dos Açores”)

Troço da Rua José Bensaúde Redescoberto no início de 1970, durante as obras de calcetamento da Rua José Bensaúde, este algar corresponde ao troço mais a jusante do sistema cavernícola da Gruta do Carvão. O “algar” José Bensaúde possui um comprimento total de 42.7 m e apresenta-se segundo uma abóboda com cerca de 5 m de altura e 7.5 mde largura máxima, com uma orientação geral para Oeste, desenvolvendo-se em terrenos de moradias. Este “algar” apresenta uma possível comunicação com o mar pois o nível das águas lá estagnadas sobe e desce consoante a maré. Em Fevereiro de 1999, este troço, voltou a estar acessível devido às obras de saneamento básico realizadas naquela rua, tendo sido visitado pelo Grupo de Trabalho de Espeleologia dos Amigos dos Açores, no entanto não foi possível progredir para além da abertura devido aos depósitos aluviais existente no local. Actualmente a entrada deste troço encontra-se vedada, sob a estrada asfaltada, pelo que não é possível a sua visita

“Entrada” do Algar José Bensaúde, durante as obras de saneamento, na rua com o mesmo nome, em 1999

Topografia da Gruta da Rua João do Rego, troço mais a Sul do sistema da Gruta do Carvão (in “Catálogo das Cavidades Vulcânicas dos Açores”)